quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Poesia Moderna

Poesia Moderna
No início do século XX, a poesia passou por outras mudanças formais. Cansados de filiação a escolas e ideologias, os poetas resolveram criar seus próprios meios, recursos e técnicas.
O verso branco, sem rima ou metro rigoroso, surgiu como revolucionário nessa nova etapa. Mallarmé fora um dos primeiros a abolir a rima, a métrica e até mesmo a sintaxe convencional do verso; em seu poema "Jogo de Dados" exibe os novos recursos.
Graça Aranha, que, já tendo estado na França, tomara contato com as novas experiências, alertaria alguns poetas brasileiros que, mais tarde, em 1922, lançam a Semana de Arte Moderna, rompendo publicamente todos os vínculos com o passado. Mário de Andrade e Oswald de Andrade são as vozes iniciais.
Não só os temas brasileiros, como também a linguagem coloquial, servem de matéria prima aos inovadores. Cada poeta traz a sua contribuição ao novo movimento, como Cassiano Ricardo, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, os mais altos momentos da poesia brasileira anterior a 1945.
A reação de Mallarmé, já no fim da vida, contra sua própria posição artística, fez que sua obra ficasse dividida em duas fases, a simbolista e a espacial. Ao quebrar o verso, verifico que o espaço em branco da página poderia ser usado não só como simples suporte gráfico, mas também, e principalmente, como material orgânico.
Apollinaire também verificaria a importância da quebra do discurso. Pertencente a um grupo de poetas chamados dadaístas, usaria o caligrama, palavras soltas e até letras, procurando figurar a idéia central do poema.
No Brasil, os primeiros poetas que se interesseram pela palavra em si, como signo concreto, foram Oswald de Andrade, na fase de 1922, e João Cabral de Mello Neto, da chamada "Geração de 1945". Não se entregaram à poesia espacial, mas seu discurso é concreto e essencial, sem derrames subjetivistas.
Um grupo de escritores paulistas lançou, em 1956, a I Exposição Nacional de Arte Concreta. Foram eles: Décio Pignatari, Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Ferreira Gullar. A poesia concreta receberia, ainda no Brasil, a adesão de poetas de fases anteriores, como Cassiano Ricardo e Manuel Bandeira.
Os grupos paulista e carioca, por uma discordância teórica, acabariam por se separar, insurgindo-se o segundo contra o cerebralismo de alguns poemas do primeiro, e defendendo a permanência do subjetivismo na poesia, como uma dimensão maior da experiência humana. O fato é que as experiências de uma poesia sem verso continuam como sintoma de uma nova linguagem poética.

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